Índios, autoridades, especialistas e ativistas estarão reunidos na UnB na segunda-feira, 7 de fevereiro, para discutir o impacto da construção da usina de Belo Monte nas terras próximas ao rio Xingu, onde habitam povos indígenas. O seminário Belo Monte e a Questão Indígena acontece no auditório do Memorial Darcy Ribeiro, próximo ao prédio da Reitoria. Haverá transmissão ao vivo pela UnBTV.
“Esperamos que o governo volte atrás e pense em uma maneira alternativa para gerar energia”, afirma o professor Stephen Baines, do Departamento de Antropologia. Ele será o coordenador da mesa Perspectivas sobre Belo Monte: indígena, dos movimentos sociais e de especialistas.
Stephen estima que a construção da usina afete todos os afluentes do Rio Xingu. “Apenas uma hidrelétrica não abastecerá o que foi programado. Eles precisarão construir mais cinco barragens de apoio para controlar o fluxo das águas. Naquela região, a seca é muito intensa”, afirma Stephen.
O cacique Raoni, líder kayapó metyktire, também participará dos debates. Ele não concorda com a construção da Belo Monte e avisa: "eu vou brigar". O cacique teme que os povos da região morram por não terem o que comer. “O governo não pensa em nós. Todo mundo vai morrer.”
Para Stephen, o governo deveria optar por medidas mais eficientes, como investir no sistema hidrelétrico que já existe e também em energia solar. “Não acho que seja tarde. Acredito que o governo ainda possa voltar atrás”, afirma. A usina de Belo Monte será construída no baixo rio Xingu, no estado do Pará. A estimativa é que serão gastos cerca de R$ 20 bilhões. A hidrelétrica deve começar a gerar energia em 2015.
Gustavo Lins Ribeiro, diretor do Instituto de Ciências Sociais, também acredita que o governo vá recuar. "Para um governo que se diz sensível às demandas sociais, essa seria a hora apropriada para mostrar isso", disse. "Mas nós sabemos que um projeto de bilhões envolve muitos interesses." Ele afirma que a construção da Belo Monte é um desastre ambiental e social anunciado. "Vai faltar pesca e acabar com o prinicipal meio de transporte das populações num trecho de 100 quilômetros."
Bela Feldman-Bianco, diretora da Associação Brasileira de Antropologia explica que a usina de Belo Monte irá afetar diretamente o meio ambiente e a organização dos povos nativos. “Não pensaram na relação do índio com seu habitat”, questiona. “Eu sou a favor do desenvolvimento com sustentabilidade, mas pelo o que os especialistas dizem, não é o caso da usina”, completa.
Em setembro de 2009, 26 especialistas de diferentes instituições de ensino e pesquisa elaboraram uma análise sobre o Estudo de Impacto Ambiental para a construção da Usina Belo Monte. No relatório, entenderam que pelo menos 12 comunidades indígenas serão afetadas. Além disso, famílias ribeirinhas também serão desalojadas.
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